A portuguesa Metalogalva e a norueguesa Statnett “trabalham desde 2016 num projeto de instalação de novas linhas de transporte de energia elétrica durante o inverno, protegendo assim o meio ambiente, pois decorrem sobre a neve espessa por cima dos pastos das renas”, disse à Lusa o administrador.
Segundo António Pedro, o “projeto vai decorrer até 2019”, havendo a “possibilidade de se estender por mais dois anos”, num negócio que para a empresa da Trofa “representa um encaixe de oito milhões de euros”.
A decorrer na região norte da Noruega, o trabalho “decorre em zonas sujeitas a proteção ambiental devido à migração das renas, sendo objetivo interferir o mínimo possível nessa deslocação dos animais”, acrescentou o responsável.
A migração das renas dá-se na primavera e no outono, viajando para norte na primeira estação em busca de temperaturas mais frescas e regressando após o verão, quando o clima mais a norte se torna demasiado frio.
Imitando os vizinhos suecos, os noruegueses “construíram estradas na neve para o transporte dos materiais, abdicando do verão para efetuar a construção”, explicou António Pedro.
“Em vez de usar betão, pois com temperaturas de 40 negativos é impossível betonar, passaram a usar as fundações metálicas em tubo, produzidas na Metalogalva, para os postes de transporte de energia”, disse.
Vencedora de um “concurso que, para além de definir o preço e o prazo de entrega, incidia muito na pegada ecológica no transporte”, a empresa portuguesa teve de “indicar a forma como faria a parte logística para ser estimada a emissão de dióxido de carbono”.
“Tivemos de minimizar ao máximo o transporte terrestre, sendo que o método aprovado não pode ser alterado até ao final do contrato”, observou o administrador.
As mais de mil fundações contratualizadas, em que para cada poste são feitas quatro, distando os postes entre si 500 metros, “faz com que a distância a cobrir seja de cerca de 125 quilómetros, sendo que 50% do material já foi fornecido”, disse.
Mas não foi só a questão do transporte que implicou atualização de processos na Metalogalva, enfatizando António Pedro que para dar resposta foi criado “equipamento só para a produção de um dos componentes, permitindo que os quatro furos sejam feitos de uma só vez, reduzindo o tempo de fabrico em 25%”.
O esforço para “dar resposta nesta parte do projeto” inclui “o recurso a robôs”, dessa forma garantindo a empresa da Trofa que “o custo orçamentado se mantém”.
“O maior desafio, em termos técnicos, foi na galvanização, no processo de proteção à corrosão, pois uma vez enterradas as fundações não dão acesso à manutenção, tendo-nos sido exigido proteção anticorrosão até três vezes mais que o estipulado, que aponta para uma durabilidade média de 20 anos num ambiente normal”, concluiu.